O Mate
O chimarrão -ou mate-
é uma bebida característica da cultura da região sul da América do Sul. É um
hábito legado pelas culturas indígenas quíchuas, aimarás e guaranis. É composto
por uma cuia, uma bomba, erva-mate moída e água morna.
O termo mate, como sinônimo de chimarrão, é mais utilizado nos países
de língua castelhana. O termo "chimarrão" é o adotado no Brasil,
embora seja um termo oriundo da palavra castelhana “cimarrón”, que designa, por
sua vez, o gado domesticado que retornou ao estado de vida selvagem e também o
cão sem dono, bravio, que se alimenta de animais que caça. O chimarrão chegou a
ser proibido no sul do Brasil durante o século XVI, sendo considerada
"erva do diabo" pelos padres jesuítas das reduções do Guairá. A partir
do século XVII, os mesmos passaram a incentivar seu uso com o objetivo de afastar
as pessoas do álcool. (Fonte Wikipédia)
Depois da breve
apresentação do objeto do texto, o qual eu mesmo poderia ter feito - porém, não
é disto que desejo falar, nem listar as propriedades benéficas à saúde
encontradas nesta bebida tão comum e até mesmo corriqueira por aqui - quero
sim, tratar das outras características do mate, e os ensinamentos contidos nas
entrelinhas deste ato tão nosso.
Elementos:
A composição do mate invariavelmente é de erva-mate, cuia, bomba, e água
quente... Temos então a presença nítida dos quatro elementos da natureza
harmonicamente entrelaçados, sendo a água diretamente, o fogo indiretamente,
seja aquecendo a água, seja moldando a bomba no caso das metálicas e no
processo de beneficiamento da erva. A terra que dá suporte aos ervais e gerando
os porongos, nos ofertando os metais para as bombas. O ar, fluído universal
presente em tudo por aqui, inclusive na existência dos outros elementos, como
fogo e tudo mais.
Energia: Bah! Agora
entraremos num ponto em que não sei se será possível abordar completamente, sob
a pena de o texto ficar maçante. Vamos nos ater a preparação. É sabido que em
tudo que fazemos estamos impregnando com parte da nossa energia, logo o mate
não seria diferente e normalmente quem se dispõe a cevá-lo, entra em um momento
ritualístico. Eles existem desde os primórdios do tempo e para as mais diversas
finalidades, fartura na colheita, boa caça, união entre casais e ingresso em
grupos sociais. O rito de cevar mate nos exercita a paciência, a atenção, o
esmero e é claro o carinho, seja conosco mesmo, seja com o grupo de pessoas com
o qual iremos dividi-lo.
A roda de mate:
Formando uma mandala humana onde se concentram e circulam energias diversas
como, comunhão, aceitação e coesão, a roda do mate não faz distinções, de
classe social, cor, credo ou nível intelectual. Ela nivela a todos como
realmente somos, seres em caminhada evolutiva. Na roda do mate não tem teu nem meu, tudo que recebemos e conseguimos absorver é por nosso
merecimento, é compartilhado em um acordo íntimo acertado no momento em que um
alcança e outro recebe a cuia.
Fica o convite de que
se olhe diferente para isso tudo, que quem não experimentou ainda, o faça, pois
além do que foi elencado acima o mate ainda nos ensina que o sabor amargo existe,
bem como as agruras da vida adoçando assim nossos corações. A delicadeza da água
que não ferve nos conforta, como um abraço. Se acompanhados proporciona a
criação de uma egrégora energética que nos coloca em harmonia com o universo
através de seus elementos e suas leis fraternais. O matear sozinho é momento de
profunda reflexão, bem como a meditação, propõe o contato conosco mesmo,
fortalecendo nossa convicção daquilo que precisamos polir, burilar, aproveitar
ou descartar.
Façamos então mais e
mais rodas de mate...
"O símbolo da paz, da concórdia, do completo entendimento – o
mate!"
Roberto Ave-Lallemant (1812-1884)